A
gravidez ectópica acontece quando o embrião se desenvolve fora do útero. Em
mais de 95% casos esse desenvolvimento ocorre nas trompas (tubária), mas também
é possível que a placenta seja aderida no colo do útero, ovários e em qualquer
região do abdômen, inclusive em órgãos como o fígado. Essas situações são mais
raras e representam risco muito maior para a mulher.
Quando
falamos de gravidez ectópica, a gestação tubária costuma ser mais frequente,
pois o embrião acaba se formando na área ampolar, no meio da trompa, ou seja,
no caminho onde o esperma se encontra com o óvulo. Por alguma falha no
transporte desse embrião até a cavidade uterina, ele acaba se alocando nas
trompas.
Para
entendermos melhor, imagine que a trompa tem a musculatura espiral e conta com
cílios que "empurram o óvulo" para ser fecundado no útero.
"Qualquer situação que leve a alteração em seu mecanismo regular pode
levar a ocorrência de gravidez ectópica tubária", esclarece Fabio Roberto
Cabbar, professor da disciplina de Obstetrícia do Departamento de Obstetrícia e
Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
O
médico explica que o quadro é considerado importante e demanda acompanhamento
especializado com urgência, uma vez que a trompa pode arrebentar e causar
hemorragias internas graves, inclusive com risco de morte.
Conheça as causas
relacionadas à gestação tubária
O
ginecologista e obstetra Renato Kalil, membro da Associação de Obstetrícia e
Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), explica que normalmente o quadro
está relacionado a algum problema que a trompa sofreu. Infecções por bactérias
como clamídia, gonorreia e micro plasma, que derivam processos inflamatórios
infecciosos, iniciados na vagina, podem atingir as trompas. Tratando ou não
essas infecções, o efeito colateral chamado de fibrose aumenta em até sete
vezes as chances de prenhez ectópica, explica o especialista.
Procedimentos
cirúrgicos também causam traumas e fibroses na trompa e contribuem para esse
tipo de gravidez. E a literatura médica mostra relatos de casos ligados ao uso
do DIU de cobre.
Mulheres
que já passaram pela situação estão 25% mais propensas à recidiva. Endometriose
e tabagismo também estão associados ao problema.
Sintomas comuns
Atraso
menstrual, dor pélvica e sangramento discreto são sinais de alerta para o
ginecologista investigar. Com a combinação desses três fatores, o médico irá
pedir exames para confirmar a gravidez e verificar se o desenvolvimento é
normal, dentro do útero, ou não.
Se
o quadro evoluir com gravidade, a mulher vai sentir distensão e dor
incapacitante na região abdominal, podendo ou não apresentar hemorragia
vaginal. Exames como ultrassom e ressonância magnética são importantes para o
diagnóstico correto. "Quando o quadro é diagnosticado precocemente, não há
grande risco para a paciente", ressalta.
Tratamento
A
conduta médica vai depender da evolução do quadro. Acompanhamento clínico
envolve o uso de medicações para parar o crescimento do embrião e, em alguns
casos, o uso de quimioterápico é necessário, com avaliação médica periódica por
muitos meses, impedindo a mulher de voltar a engravidar no período.
O
tratamento cirúrgico pode ser minimamente invasivo, por videolaparoscopia, ou
cirurgia convencional (aberta). "É importante ressaltar que a mulher não
irá apresentar dificuldade de engravidar no futuro. Mesmo com apenas uma trompa
(caso haja indicação de remoção na cirurgia), por atração química o sistema
reprodutor permanece capturando óvulo dos dois ovários", destaca Dr. Kalil.
Prof. Dr. Fabio Roberto Cabbar e Dr. Renato Kalil
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